Brincar Livre: para além de ser valorizado e reconhecido

Na primeira noite de dezembro ocorreu o terceiro e último encontro do curso “Em defesa do Brincar Livre: Uma agenda dos Conselhos Municipais de Educação” no Canal do YouTube TV UNCME (https://www.youtube.com/watch?v=wRRi9oGTG8k). Este foi realizado por meio da parceria do Instituto Alana com a UNCME Nacional para que os CMEs defendam em suas pautas o Brincar Livre. Os Colegiados tem um papel muito importante, proteger as crianças e estudantes, sendo os guardiões das infâncias com suas especificidades.

A noite foi condizida pela Cacau Leite e pela Mônica Samia. Elas realizaram uma retrospectiva dos dois primeiros encontros para situar as pessoas que ainda não assistiram. Contudo, vale muito ver os dois encontros anteriores para embasar com mais detalhes a compreensão do que foi apresentando neste último dia. Assim elas reforçaram a leitura dos materiais e apreciação dos vídeos indicados para ampliar os estudos. Um dos sites indicados foi o do Território do Brincar (https://territoriodobrincar.com.br/). Neste há várias produções que são materiais ricos para os professores e CMEs.

Elas pontuaram como ainda é possível as pessoas acreditarem no Brincar livre, e ao mesmo tempo ser um desafio para colocar em prática, principalmente nos contextos escolares. Isso ao defender que o Brincar Livre é potente para alavancar o desenvolvimento e as aprendizagens das crianças, bem como é importante para a saúde física, mental e emocional, principalmente em contato com a natureza. Outro ponto forte da noite para destacar é que o Brincar Livre é um direito já previsto nas normativas educacionais, como as Diretrizes Curriculares e a BNCC.

Sendo o Brincar Livre um direito, os Conselhos o garantem dentro do currículo no cotidiano escolar. Os documentos normativos, em todas as esferas, sempre trazem a importância do brincar. Mas por que não entra no cotidiano escolar? É neste contexto que o brincar livre tem o direito de ser efetivado e ampliado. Diante destas defesas e a partir das normativas complementares os documentos escolares precisam convergir em prática o que está posto. Assim Cacau e Mônica realizaram alguns questionamentos para reflexão: Quais os convites que os espaços fazem ? Ao brincar genuíno? A docilização dos corpos? À utilização do livro didático ou à brinquedos de materiais naturais e livros literários? À criatividade e autoria ou a receber tudo pronto?

O Instituto Alana convida para que se pense nos tempos e nos espaços para escutar as crianças, observar o brincar ou mesmo a sua ausência. O Documentário Miradas (https://www.youtube.com/watch?v=jA3xhiFEoZ0) discorre sobre a observação das brincadeiras livres como fenomenologia para embasar os registros docentes. Contudo, o Brincar Livre não é uma ferramenta de aprendizagem e não pode ter uma visão utilitarista. Isso retira a potência do brincar, pois a criança tem um mundo inteiro para descobrir. Durante a observação é possível verificar o que as crianças estão aprendendo mediante suas vivências.

A Mônica e a Cacau explanaram que os bebês precisam estar no chão para brincarem com proteção, mas sem EVA ou grama sintética. Isto para ter contato com materiais mais naturais e não fofo, uma vez que superfícies fofas não transmitem segurança aos bebês. Então urge a revisão dos materiais ofertados aos bebês e às crianças para que o brincar seja ativo e não reativo. O Brincar Livre não está ligado a compra de brinquedos, principalmente aos de plásticos, aos eletrônicos e com telas, este se desenvolve com objetos menos estruturados, sonoros e luminosos para ampliar a curiosidade e a vivacidade das crianças. Para tanto, os objetos e brinquedos são de materiais naturais para enriquecer as vivências sensoriais, visto que os objetos/brinquedos industrializados empobrecem o brincar e retiram os bebês e as crianças da realidade. Isso é preocupante , principalmente, no primeiro setênio, pois é quando os bebês e as crianças estão ancorando sua subjetividade.

Infelizmente a cultura da Infância está mudando do Brincar Livre para a utilização de objetos eletrônicos e para “vivências” prontas, bem como para espaços empobrecidos. Dessa forma, mesas e cadeiras em excesso são os primeiros mobiliários a serem retirados das salas referências, pois estes controlam os corpos, retira a inteireza das crianças. Todo é qualquer mobiliário, objetos e brinquedos tem uma função na infância, pois isso o planejamento e a intencionalidade é que darão sentido as suas existências nos espaços escolares. A organização dos espaços e tempos precisam dar liberdade às crianças, estamos deprimindo as crianças e estas estão se suicidando, a humanidade não encanta mais aos recém-chegados. O inovador é a conexão com a essencialidade do humano e da relação desse humano com a natureza mediante a estética da cultura, do cotidiano, da simplicidade dando as ações continuidade e significatividade no brincar livre.

Cuidado! Estamos empobrecendo o brincar das crianças, mas a natureza é farta de possibilidades, vamos aproveitar.